sábado, 26 de janeiro de 2013

O teatro da licitação do transporte coletivo



A prefeitura de Joinville renovou o contrato com a empresa de consultoria Profuzzy, por mais três meses. Segundo o Jornal A Notícia (AN), a consultora está responsável para auxiliar a licitação do transporte coletivo. O Poder Executivo Municipal pretende apresentar o edital até março. A concessão atual vence em Janeiro de 2014.

Todo o processo de organização de licitação realizado até agora, parece um teatro. O primeiro motivo para isso é que, em nenhum momento foi discutido o modelo de transporte: público, privado ou misto.

O governo passado decidiu apenas fazer a licitação para empresa privada e apresentar isso em audiências. Eles pouco explicavam e não permitiam aos presentes mudar as decisões já tomadas pela prefeitura. Ou seja, nossa democracia estaria sendo limitada pela decisão de licitação para empresa privada. Pouca coisa poderia ser mudada, mas alguns ainda tinham esperanças que algo mudasse a partir da prefeitura.

Ao pesquisar um pouco na internet, descobrimos que a empresa de consultoria presta serviço também para as atuais concessionárias do transporte, Gidion e Transtusa. Isso nos deixa ainda mais inclinado a crer que a discussão do transporte é um grande teatro.

E o ex-prefeito parecia estar dirigindo muito bem essa tragicomédia. Seu desejo era realizar a licitação, mas não conseguiu se reeleger e teve que deixar isso para o prefeito eleito, Udo Döhler do PMDB.

Acredito que ele estava um pouco chateado, em ter que deixar a direção da peça. Ele queria manter seu nome lembrando no script e para isso precisava de um último ato.

Assim, o reconhecimento de uma dívida com as empresas de transporte era esplêndido. Mais uma vez a Profuzzy apareceu, lhe assessorando em sua carreira, calculando o valor da dívida em 125 milhões. Esse valor seria, segundo as concessionárias, proveniente de perdas desde 1997.

Carlito conseguia assim ficar marcado na memória do público. O acordo assinado por ele prevê que o vencedor da licitação terá que pagar o valor da dívida para as atuais empresas, sendo assim, as atuais concessionárias saem com vantagem.

É importante falar uma coisa aqui. Muitos dizem que Carlito foi mal assessorado ou que ele pode ter fraquejado devido à pressão das empresas. Eu não acredito nisso. Ele sabia muito bem o que fazia em relação à concessão do transporte coletivo.

Os reajustes do transporte, por exemplo, foram concedidos por decisão dele, sem qualquer diálogo com a direção do PT. No último aumento havia uma decisão da executiva municipal em não conceder.

Ele teria argumentos de sobra para não conceder os reajustes. Um que podemos citar é o fato da prefeitura não ter total controle a sobre o valor da tarifa. O atual presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville (IPPUJ), Vladimir Tavares, em entrevista ao Jornal Primeira Pauta, no ano passado disse que a prefeitura fica refém das informações das empresas que prestam serviço.

Renovar o contrato com a Profuzzy parece dar continuidade à peça. Argumentos para o prefeito Udo Döhler cancelar esse processo de licitação e começar de novo, não faltam. Ainda há tempo para mudança, mas como ex-prefeito, ele parece querer manter tudo como está no transporte.

Não espero nada dos governos. Eles já deram provas de sobra para desconfiarmos de suas ações. Agora, confio na mobilização, na pressão e na insurreição popular. O fim do monopólio privada do transporte coletivo de Joinville terá fim só com o povo na rua.

A união Joinvilense dos estudantes Secundaristas (UJES) tem um papel central, nessa luta. É a organização dos grêmios e a unidade desses estudantes que poderá dar um grande impulso nessa luta. Para isso precisamos ir às escolas e convencer os jovens que eles podem fazer o que sempre fizeram: impulsionar mudanças em nossa sociedade e no mundo.

João Diego  é estudante de jornalismo, membro do Diretório Central do Estudantes do Ielusc e ex-presidente da UJES. 

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